Exposição fotográfica itinerante poderá ser vista em 4 diferentes espaços da Red de Faros, na Cidade do México.
O título da exposição faz referência aos poemas “Canção do Exílio”, publicado em 1857, no livro “Primeiros Cantos”, de Gonçalves Dias (1823-1864) e “Regresso à Pátria”, publicado em 1924 por Oswald de Andrade (1890-1954). Pertencentes a diferentes escolas literárias e contextos socioculturais, os poemas trazem o nacionalismo como tema central. Oswald de Andrade transforma e multiplica o sentido do poema de seu antecessor quando se apropria da obra e suas ideias trazendo para seu tempo pensamentos que estavam ignorados ou desprezados. Nos força a rever o tema como objeto de reflexão racional e não mais o ufanismo de exaltação à natureza visto no texto anterior.
Diante de um cotidiano cada vez mais informativo esperamos que as fotografias que vistas nesta mostra possam, de alguma forma, despertar consciências e reforçar a luta dos povos originários por sua identidade, afirmação, dignidade e resistência. Poemas e imagens encontram-se imbricados e nos convidam a questionar o nosso lugar na sociedade e o nosso compromisso com a valorização e preservação da diversidade em meio aos garimpos clandestinos, tráfico de drogas e armas, queimadas intencionais que continuam em ação nas regiões ocupadas pelas comunidades indígenas.
Participam da mostra fotógrafos e fotógrafos brasileiros pertencentes a diferentes regiões.
Alexandre de Paulo, nascido em Guarulhos (SP) no início dos anos 1970, é fotógrafo e jornalista, com trabalho documental voltado aos direitos humanos e questões sociais. Para a mostra ele apresenta duas imagens de comunidade ribeirinha às margens do Rio Negro, em Manaus, capital do Amazonas, clicadas há 20 anos quando as águas eram abundantes.
Nascido em Belo Horizonte em 1980, Caetano Azevedo é fotógrafo autodidata que se dedica a capturar a essência das pessoas, etnias e culturas diferentes através das lentes de sua câmera. Com uma paixão especial pelo preto e branco, desenvolveu ao longo dos anos um olhar apurado tanto para a fotografia analógica quanto digital. Embora a fotografia seja uma paixão e um hobby, não é sua atividade principal. Para esta exposição ele traz imagens produzidas em 2017 da tribo Waura, localizada no Alto Xingu.
Fotógrafa, jornalista e filmaker, Daniela Pinheiro apresenta imagens que integram a série “Cabe na palma da mão”, na qual a artista discorre sobre o apagamento da imagem fotográfica. A fotografia impressa em uma folha de couve vai sendo acompanhado através dos anos. Sob a couve, a imagem fotográfica da anciã, Dona Francisquinha, indígena da etnia Shawãdawa relevada pelo processo de fotografia chlorophyll print. Passados mais de quatro anos essa mesma folha de couve é segurada pelas mãos da jovem indígena Buni Inani, da etnia Huni Kuĩ.
Fotógrafa com Mestrado em fotojornalismo pela Escola de Fotografia Spéos de Paris, Liza Moura tem uma visão artística aguçada e atenta à técnica fotográfica, buscando constantemente criar imagens sensíveis e instintivas. Estabelecida em Paris desde 2011, Liza apresenta 4 imagens feitas na aldeia Pyiualaga, no Alto Xingu, em 2017.
Já o artista Mauro Martins elegeu para a mostra 5 fotografias produzidas em 2013 quando teve a oportunidade de participar da gravação de uma série documental para a Discovery na aldeia Yanomami no Vale do Rio Catrimani, em Roraima. As imagens retratam a vida dos Yanomami que praticamente não tem contato com pessoas de fora das aldeias, imagens de um povo que vive em total harmonia com a floresta, verdadeiros guardiões da floresta amazônica.
O fotógrafo amazônida, nascido em Cruzeiro do Sul (AC) Paulo Henrique Costa celebra a diversidade e a riqueza cultural do povo amazônida que vive no extremo norte do país. Os retratos revelam a essência da vida dos povos indígenas em uma interação harmoniosa com a floresta. Cada fotografia é um testemunho da resiliência e da sabedoria ancestral dos habitantes da região, oferecendo uma janela para a beleza singular e a complexidade humana da Amazônia, promovendo o reconhecimento e a valorização destas pessoas que muitas vezes são invisibilizadas.
Nascido em Santa Maria (RS), o jornalista Valdir Zwetsch dedica-se à fotografia como um hobby exercido com paixão há 50 anos. As fotografias que poderão ser vistas na exposição retratam o ritual do Kuarup realizado na aldeia Uyaipiuku, do povo Mehinako, em 2019. Na cerimônia estavam presentes convidados das etnias Kamayurá, Yawalapity, Kuikuro e Waurá.
As fotografias que integram esta mostra capturam não apenas belezas estonteantes, mas principalmente a riqueza cultural e a humanidade vibrante das comunidades indígenas. São um testemunho vivo da necessidade de protegermos e valorizarmos as culturas que moldam nossa identidade nacional.
A exposição faz parte da programação cultural da La Red de Fábricas de Artes y Oficios, e convida o público a refletir sobre as dualidades que marcam o Brasil, ao mesmo tempo, que promovem um diálogo intercultural ao ser exibida em espaços periféricos da Cidade do México, conectando realidades e lutas que ultrapassam fronteiras.
FARO Cosmos: 15 a 22 de outubro de 2024
Calzada México Tacuba S/N, Colonia Tlaxpana, Miguel Hidalgo, 11370, Ciudad de México.
FARO Indios Verdes: 25 de outubro a 15 de novembro de 2024
Avenida Huitzilihuitl 51, Santa Isabel Tola, Gustavo A. Madero, 07010, Ciudad de México
FARO Miacatlán: 29 de novembro a 16 de dezembro de 2025
Calle Bolívar Poniente S/N, San Jerónimo Miacatlán, 12600, Milpa Alta, Ciudad de México.
Casa de Cultura Gaby Brimmer: 13 de dezembro de 2024 a 24 de janeiro de 2025
Monte Alegre 32, Portales Oriente, Benito Juárez, 03570 Ciudad de México, CDMX, México