A série Lastro (2019) surge de uma pesquisa na qual Washington da Selva procura por imagens que remetam ao
trabalho de seus familiares como agricultores, e recorre a um acervo digital nacional para isso. O artista busca por
imagens de pessoas empunhando instrumentos de trabalho como enxadas, pás, sacos, rastelos, peneiras, entre
outros.
Como técnica de impressão, Da Selva utiliza solvente para transferir as imagens impressas em fotocópia para
cupons de registro de ponto do trabalhador – guardados pelo artista de seu último emprego. O solvente, aplicado
sobre esses cupons, cria apagamentos e manchas que concedem um certo ar de toxicidade – que é ainda um
elemento presente na memória, na qual os odores de agrotóxicos, em igual instância ao solvente utilizado, chegam a
corroer as vias respiratórias ao inspirar o ar do ambiente rural.
Esses gestos criaram uma ecologia que permitiu ao artista trazer para o presente os lastros da paisagem rural,
familiar a ele.