O projeto fotográfico visa retratar elementos que remetam ao toré ritualístico que compõe o ritual do Ouricuri, dos índios Kariri-Xocó, localizados na cidade alagoana de Porto Real do Colégio. Composto por um conjunto de danças e cantos que são realizados como prática religiosa e secreta, onde somente os índios têm acesso, ele acaba sendo (assim como o próprio ritual do Ouricuri) um importante mecanismo de resistência cultural e identitária.
Utilizando elementos da fotografia contemporânea, o ensaio busca, através da técnica da longa exposição, explorar elementos subjetivos que estão associados a dança e ao canto, proporcionando ao observador uma experiência imersiva e evitando assim abordagens colonizadoras que durante muito tempo permearam o universo da fotografia e exorcizaram a figura do índio.
É importante ressaltar que, a proposta não foi documentar o ritual, mas trazer elementos que o remetam. Com isso, as imagens buscam uma certa “confusão” em quem as observa, fazendo com que o principal não seja o que está sendo mostrado, mas sim o que está sendo escondido. Ou seja, uma espécie de compreensão parcial daquilo que busca ser retratado.
Dito isso, as primeiras imagens em longa exposição aparecem em um ritmo mais lento, com “borrões” menos intensos. A partir do momento em que os instrumentos começam a ser acionados e o canto começa, os movimentos começam a ganhar mais intensidade e assim os “borrões” ficam mais intensos. Quando a dança efetivamente começa, as fotos buscam seguir o seu ritmo. Por ser dançado em círculos, as fotos foram organizadas obedecendo a ordem que seguia a dança, da esquerda para direita. Dessa forma, as imagens passam a impressão de estarem “girando”.
Se você pudesse resumir seu ensaio em um som qual seria?
Hiiiiiiiiiiiiiiiii
Título do ensaio: Toré, Som Sagrado
O que é fotografia para você?