O ensaio Só mais um neguin é um retrato em primeira pessoa que busca ampliar o discurso sobre ser negro no Brasil em toda sua riqueza cultural e ancestral. A fotografia, como linguagem artística, é utilizada por Ana Luzes como uma ferramenta dedicada ao reconhecimento, descolonização e ressignificação do imagético da cultura negra. Assim como afirma Lázaro Ramos, ator e escritor, “quando nascemos não possuímos, a priori, uma referência, quem nos dá essa referência é a cultura”.
O ocultamento da cultura negra e as informações negativas relativas a ela, impactam na identificação do jovem negro com o outro, na sua capacidade de sonhar e de se sentir capaz e apto para encarar a vida.
Só mais um neguin refere-se à capacidade do negro de se redescobrir enquanto um ser vitorioso, ancestral e livre, não reduzido apenas a uma condição sócio-histórico.
Ana Clara de Castro, ou melhor, Ana Luzes é deslumbrada por cenas do cotidiano urbano e está sempre em busca de instantes únicos que compõem as cidades. Através da fotografia visa à ressignificação de histórias não contadas e não vistas. Graduada no curso superior de Fotografia na Universidade de Vila Velha (UVV), atua também como monitora de ensino, idealização de projetos, produção de eventos além ministrar oficinas de fotografia básica.
Seu olhar sensível sobre seu entorno permite vislumbrar diferentes perspectivas sobre coisas simples e monótonas da vida, fazendo com que a beleza natural delas se sobressaia em cada imagem.
Ana Luzes teve parte de sua produção fotográfica publicada no livro Olhares e Cidades (2019) ao lado de outras imagens pertencentes à turma de fotojornalismo documental, sob a orientação da professora Elizabeth Nader. Esse projeto resultou em uma exposição realizada no Cineteatro da UVV.
Suas fotos hoje integram coleções particulares.