Allan Cunha (São Paulo)

Allan Cunha tem 31 anos, nasceu e cresceu na periferia da zona leste de São Paulo.  É fotógrafo de rua, videógrafo, pesquisador e professor, com formação superior em Fotografia. Seu trabalho autoral tem influência poética e investiga as pessoas e as relações contemporâneas, transitando principalmente entre territórios da periferia e o centro da cidade de São Paulo. É autor do fotolivro MERGULHO, lançado em 2021 pela Porto de Cultura, com curadoria de Marly Porto e apresentação de Alex Flemming. O livro faz parte do acervo da Bibliothèque Nationale de France, em Paris,  da biblioteca do Instituto Moreira Salles em São Paulo, entre outras.   É integrante do coletivo de pesquisadores Centro de Pesquisa e Documentação Histórica Guaianás (CPDOC Guaianás), desde 2015. Pesquisa e leciona fotografia para jovens, adultos e idosos com deficiência intelectual e transtorno do espectro autista pelo Instituto Jô Clemente desde 2021. Seus projetos autorais e pesquisas fotográficas integram coleções particulares, revistas e livros científicos, e exposições no Brasil e no exterior. 

 

À primeira vista, as fotografias de Allan Cunha encantam pelo uso vibrante da paleta de cores. Elas nos revelam fragmentos de um mundo de extrema beleza, onde todos os elementos convergem, criando uma coreografia permeada por diferentes possibilidades pictóricas, extraídas do confronto entre a luz natural e as diferentes fontes capturadas pelo artista. Cada fotografia nos conta uma história. Allan consegue trazer a figura humana para a cena mesmo quando sua ausência está lá. É assim na casa com o sofá recoberto por tecido estampado, na cozinha carinhosamente decorada com o pano floral, ou no muro verde, onde linhas paralelas e perpendiculares se cruzam geometricamente sobre o capacho cor-de-rosa. Suas imagens revelam toda a vida existente ali e expressam o resultado estético de escolhas feitas por pessoas que trazem o máximo da beleza para sua moradia. O uso das cores também revela casas com a cara do Brasil, onde janelas, portas e grades evidenciam a violência, tão presente no dia a dia do nosso país. Os retratos parecem feitos com a permissão dos fotografados e traduzem a sensação de conivência e entendimento profundos entre duas pessoas. Mesmo quando o fotógrafo opta por provocar um magnífico ruído visual ao sobrepor imagens, nossa atenção não se esvai, ao contrário: ela perdura com grande intensidade. Mesmo quando o motivo fotografado é banal, o artista consegue resultados excepcionais, porque domina com excelência o uso das cores cromaticamente convergentes e o jogo de luz a seu favor. Escolhas maduras de um jovem fotógrafo que segue se apropriando do espaço como fonte inspiradora para o registro de suas fotografias

Marly Porto, 2021 

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